sábado, 13 de março de 2010

Dia 9 - Ultimo Dia






























































































































Dia 9 Tanger - Espanha - Faro
Ouvi alguém a bater na autocaravana, chovia a cântaros. Estava na hora de começar o stress com aqueles curroptos da fronteira e da alfândega e a visão era deprimente com gajos a chuva a tentar tudo por tudo "ajudar" turistas com a papelada para sacar algum.Já estou "vacinado", e pena, é a ultima coisa que temos que ter, basta um sorriso e os gajos não nos largam. Apareceu um que meteu-me dó. Bem vestido com fato e gravata mais parecia um bancário (sem desonrar esta profissão), bateu-me no vidro do carro, chovia imenso e ele nem guarda chuva tinha:
“-Mon ami, avez vous un chapeaux ou quelque outre chause?”
Tive de olhar com desdem mas custou-me imenso, mas não há outra forma de lidar com eles.
Depois de mais uma seca, veio ter comigo um bófia com um ar arrogante:
“-Avez vous le papies blue?”
“-Onde esta o papel azul?”
“-Qual papel?”
“-Sei lá?! É o papel que o gajo está a pedir!”
“-Pronto... vai começar o fandango!”
Dito e feito, 10 minutos depois tínhamos um chui a entrar no carro e mandar-nos seguir com a autocaravana para... nínguem sabia para onde. Perguntei-lhe para onde íamos ao que me respondeu:
“-Raio-X!”
“-O quê? O gajo disse raio-X?”
“-Sim mas... alguém partiu a piroca?”
Olhamos os 3 (eu o e o Baganha) para o Daniel, o "avantajado" da equipa, e desatamos a rir ás gargalhadas com o bófia muito sério a olhar para nós:
“-É pá, não se riam que o gajo não está com boa cara!”
“- Na volta quer ver se "aquilo" que o Dany tem é mesmo verdadeiro!”
Nova gargalhada e o chui a ficar mais preto do aquilo que ele era.
Depois de enfiarmos a autocaravana no raio-X e verem que não tínhamos armas ou escravos(as) ou ganzaria, lá nos deixaram em paz:
“-Oi, que merda é esta pá?”
“-É o papel azul do outro.”
“-E agora?”
“-Caga nisso, já estamos na fila para entrar no barco.”
Chegados á Fronteira Espanhola percebi que estávamos mesmo com muito mau aspecto. Caras com mais de uma semana de barba, despenteados, e a cheirar "bem"!
“-Olha lá o "canito" daquele bófia! Os gajos andam com merda daquela para meter medo?” (perguntou o Baganha)
“-Já vais ver, com a nossa fuça neste estado e temos o tal "canito" cá dentro á procura de "chocolate"!”
“-Caga nisso, temos chouriça aqui e vais ver o cão a passar-se!”
Mais uma gargalhada e foi o suficiente para o chui olhar para nós e enfiar o canito dentro da autocaravana á procura de "chocolate" ou das chouriças do Baganha.
Finalmente livres e pelo bom caminho de volta a casa. Todos saudosos e eu a pensar na mega party que iria ter com a maltinha e que já estava combinada na minha partida.
São 20 horas, duche tomado e barbinha aparada (sucesso garantido), jantarzinho e copos a bordo......
Desta vez valeu bem a pena a ida a Marrocos. Por tudo o que aconteceu principalmente pelos meus três amigos, que fazem estas viagens verdadeiras epopeias de rizadas e boa disposição.
Para o ano há mais!

As fotos apresentadas foram tiradas pelo Tózaga, Daniel, Baganha e Etienne.
Algumas com máquinas Canon outras com telemóvel Nokia.
Texto de Etienne
Actores… nós os quatro e muitos “Jorges”!

Dia 8 - Anchor - Point
































































































Dia 8 Anchor - Point

Ontem depois de termos passeado por Tagahzout e ter-mos visitado Hash-Point, decidimos dormir por Anchor-point.
O Tó acordou bem cedo e começou logo a preparar a entrada. Estavam ás 7.30 da matina 16 gajos na água e dois metrões a rapar os calhaus. Estava com um frio na barriga mas não podia ir embora sem enfrentar aquela mítica onda. Mal comi pois a adrenalina era tanta que achei se comesse muito ficava com a digestão parada. Saltei para dentro de água na primeira oportunidade, depois de ter estado “escondido” por de trás de uma rocha enquanto o set passava e as espumas me “lambiam” a alma. Anchor-point não tem praia, faz lembrar os coxos na Ericeira. Para sair arrisca-se uma saída por cima dos calhaus ou então remamos uns bons 400 metros até uma praia pequeníssima com apenas uns 30 metros de largura. É remar e acertar no buraco da agulha. Escondido por de trás de uma rocha enquanto as espumas passavam por mim, logo que deu uma aberta saltei para e água e o meu primeiro pensamento foi:
"Agora já está. Estou na água e só me vou preocupar em fugir aos set's e pensar em... como é que vou sair daqui.
Já estavam uns 25 gajos na água com mais malta para entrar. O Tó estava com um enorme sorriso, ja tinha dropado uma e disse-me:
-Estou passado. Que onda, que força... é brutal!
Os set's bombeavam com dois a dois e meio e eu não me sentia á vontade. Era a minha primeira entrada naquela praia e de short-board depois de uma semana de Longboard. Meia hora depois da minha entrada e com os nervos em franja por não conseguir apanhar nenhuma, passei-me e dropinei um "bife" á cara podre. O gajo ainda berrou mas eu...nada e com a maior cara de pau virei-me para ele e pedi-lhe desculpa e continuei. O tipo veio atrás de mim sempre e ao sairemos da onda o gajo deu-me os parabéns pela onda que eu tinha feito com o maior sorriso:

-Adoro ver um gajo a minha frente surfar, foi demais man DEMAIS, a onda era grande e deu para os dois na boa.
-Desculpa lá man, mas eu já me estava a passar-me por não apanhar nada!
-Tudo bem "mate"!
Depois desta só consegui surfar mais uma e desta vez sozinho e que onda. É nestes momentos que entendo porquê que tenho este vicio. O Tó esteve melhor que eu e ainda conseguido apanhar 7 onditas. Na saída estava nervoso mas consegui acertar no buraco sem problema. Missão cumprida.
Vi entretanto o Baganha vir ao nosso encontro:
“-Grandes ondas que vocês fizeram.”
“-E tu não entras?”(perguntei)
“-Não pá, aquilo está demais para mim e eu sei qual é o meu limite mas o Daniel vai entrar agora.”
“-Dassssss, onde é que ele está?”
Tenho perfeita noção que o Daniel tem "menos surf" que o Baganha tem é uns "tomates" maiores e... bastante orgulho. O Tó deu-lhe força e ajudou-o na entrada, o gajo estava com os nervos em franja. Dropou umas quantas e para bem dele, o mar tinha descido bastante. Fomos almoçar um ultimo Tagine perto de Agadir. Um Tagine de galinha… e que galinha. Devia de ser prima de Arnold pois era dura como “cornos”.
Partimos de volta para Portugal com consciência que tínhamos 14oo kms pela frente. Ainda passamos por El-Jahdida para mais um belo jantar.Andei um pouco perdido naqueles bairros degradados e assustadores, tal é a miséria. Por vezes fez-me lembrar aquelas imagens que vemos na TV de zonas devastadas por uma guerra.
Eram 2 da matina quando chegamos a Tanger com o corpo todo partido e para 3 horas de sono, pois tínhamos que nos apressar com os passaportes para passarmos no primeiro barco da manhã.