domingo, 7 de março de 2010

Imesouane 2º dia































































































































Dia 6 de viagem

O acordou com as galinhas e entrou logo, apesar de me ter avisado que as ondas estavam mais pequenas e com menor qualidade.
Era o que parecia, a qualidade estava toda lá e o set era maior que nós. O Daniel e o Baganha não entraram e arrependeram-se mais tarde disso, aproveitaram para tirar umas fotos e gozar com uns putos que estavam a apanhar polvos e a incentiva-los a esfregar os mesmos na cabeça uns dos outros só para gozar (aqueles gajos não existem). Depois de um belo pequeno almoço entrei e novamente surfei grandes ondas, não pelo tamanho mas pela qualidade durante 2h30. No mar estavam mesmo muita gente mas que não criavam qualquer tipo de problema. Fui varias vezes dropinado e dropinei outras tantas . Perto de mim as idades iam de um miúdo com, não mais de 10 anos ate um "velhote" duns bons 60 e com o seu caiaque surf (um dia quer ser como este “velhote”).
Fui dropinado por um linda rapariga que fazia LB com muito estilo e classe, fui todo o tempo atrás dela a ver ela a surfar, fomos juntos na mesma onda uns bons 150 metros, ela depois olhou para mim e sorriu. Tinha uns olhos azuis e usava uma capeline toda colorida enquanto surfava. O Sol estava muito forte. Mais tarde vi o namorado dela a fazer o mesmo. O gajo tinha grande estilo. Tambem andava por lá o mesmo Japonês com um "touco" e que arrancava em hang ten. Fiz um dos hang 5 que mais prazer me deu ate hoje, foi longo e enquanto o fazia a minha mão deslizava naquela parede sem um defeito, momentos para não esquecer.
O Dany e o Baganha entraram mais tarde na Catedral. Almoçamos um arroz com atum e Salsichas “Á lá Daniel” que estava digno de Reis e de mestre de obras pois a argamassa era tal que atirada a parede, colava com toda a certeza.... mas estava mesmo boa (com fome marcha tudo). Também tivemos a companhia de um cãozito com duas semanas no máximo. O desgraçado estava tão fraco e com tanta fome que tivemos de o alimentar. O Daniel, no seu bom estilo de “Judeu”, encheu uma lata xl de atum cheio do manjar que tinha acabado de fazer. O pobre bicho atirou-se de cabeça e , claro, queimou-se. Irritado , começou a ladrar para a lata, pois nem sabia o que era QUENTE. Lá o “Judeu” lhe deitou a comida para um saco de plástico para arrefecer. Era mesmo muita comida e nunca imaginamos ver o desgraçado a comer TUDO. A barrigada de comida foi tanta, que ela não se aguentava em pé com o peso da mesma, tal e qual isto. Era só rir ver o desgraçado a levantar-se e a cair de lado logo a seguir mas comum focinho de satisfação.
Mais tarde, durante um café-noir na tasca local, olhei para uma cara que nada me era estranha e arrisquei:
“- Oh Menezes, com dinheiro ás vezes…?”
Ficaram todos a olhar para mim. Era mesmo ele, já não o via havia uns bons 12 anos desde a nossa ultima surfada nos Coxos-Ericeira. O Menezes tem uma Quinta (acho) na zona do Bombarral, faz vinho e azeite e em tempos criou Castros-Laboreiros. Claro que metemos a conversa em dia. Como as coisas são, anos sem o ver e encontro-o numa aldeia de pescadores no meio de Marrocos, o ultimo local que poderia imaginar. Contou-me que iria por lá ficar 3 meses e tinha trazido a sua grande Mercedes transformada numa autocaravana ainda maior que a nossa , cheia de vinho para vender aos Marroquinos:
“-Estes gajos são passados pá, adoram vinho e pagam-no bem. Lá em Portugal o tempo está mesmo mau, não faço nada no campo porque não dá… Venho para aqui 3 meses e depois mais uns meses de trabalho, entretanto faço surf na Ericeira.”
O Daniel contou-me que ficou a pensar nele durante a maior parte do dia. È preciso abdicar de tanta coisa para levar esta vida. Tem os seus prós e os seus contras.. é uma opção de vida e é tudo. Agora saber quem está certo… ele ou nós?
Durante a tarde dei uma breve entrada na Catedral, pois Imesouane estava com a maré muito cheia e não rebentavam ondas, para sair ao fim de 20 minutos. Eles os três ficaram por lá e eu aproveitei aquele momento de pausa para relaxar, ver o pôr do sol com um capuchino quente e ouvir Jonh Mayer depois do primeiro banho decente desde á tantos dias.
Fomos jantar um Tagine a uma "caverna" com uns 15 Franceses que não pararam de fumar ganzas enquanto lá estivemos. Mortalhas King-size e sempre a rodar 3 ao mesmo tempo , bebiam vodka e whisky, começando oito e terminando pela meia noite e meia. Apanhei a maior moca só com o cheiro e despachamos mais uns 4 litros de vinho que foi uma beleza. Nestes momentos temos que nos abstrair de tanta coisa, tal como a higiene. A comida é boa mas a cozinha e os empregados, esses, são de fugir. A "Caverna" não tinha luz eléctrica mas o visual era lindo com resto de corais cheios de velas e a simpatia deles era única para connosco (senti isso pela primeira vez). Claro que o Daniel, como sempre, apercebeu-se de uma Francesa que lavava as mãos dentro de um alguidar todo cagado. Em seguida a tipa entrou por uma porta que devia de ser a pseudo casa de banho. Ao sair a tipa esqueceu-se de fechar a porta, enquanto voltou a lavar as mãos na mesma água. O cheiro que vinha de lá de dentro era algo de…. Como ei de descrever, um Camelo a entrar em estado de podrefação. A Gaja levou um abuso tão grande, pois as gargalhadas, acompnhadas do “haxixe Algarvio”, como o Daniel insistia chamar ao vinho, não davam hipótese a descrissões. Conhecemos dois irmãos Franceses ela musico e ela com ar de “frita”e com rastas até á cintura. O gajo era da Normandia e era um bacano. Estivemos á conversa com ele um bom bocado. Ele conhecia a praia do Beliche em Sagres, da cidade de Faro … o aeroporto. Ainda nos tentou passar o charro dele para a mesa mas nem valia a pena, o que tinhas fumado passivamente já nos tinha deixado em ALTA. O dono da “caverna”, depois de ter fumado ganzas e bebido tudo o que havia na mesa dos Franceses, pediu-me um copo de vinho. Avisei-o que aquilo era para duros pois tinha quase 17 graus e ele já estava em ALTÍSSIMA:
“-Pas de problem mon ami, pas de problem!”
Pois é, bebeu dois copos e caiu para o lado de redondo, nem abria os olhos. Já dá para calcular o arrail de gozo que o Daniel (bêbado que nem Baco) , lhe começou a dar. Antes de eu entrar na “Caverna”, estive a negociar o preso do Tagine. O gajo queria 150 dirams só pelo Tagine e eu não aceitei. E ele com um sorriso olhou para mim e disse:
“- Tu est mon ami, pour toi…hum 126drms ?!”
“- Ok mon ami mais je aporte mon vin?!”
“- Ok, ok pas de problem, tu est mon ami cest vrai?”
Na hora de pagar e depois de termos comido uma sobremesa que até hoje não percebi o que era mas sabia muito bem, mesmo, e ter aviado duas cestas do pão deles quentinho e que é delicioso, fui acordar o “mon ami” da bezana monstra.
“- Então pá comé? Quanto fica o jantar?”
“-Quanto foi que eu disse que era ?????”
“- 126 drms mas comemos…”
“- Então é 126 drms! Tu est mon ami ces vrai?” e isto com um sorriso enorme e com os olhos que pareciam duas bogas a arrebentar (o empregado dele ainda estava pior que ele).
O Daniel num acto de bondade que lhe é “raro” nestes momentos, deu-lhe 150drms e disse-lhe para ficar com o troco. O gajo nem queria acreditar em tanto dinheiro. A groja dá para ele ficar dois dias sem fazer um cacete e comer á vontade de papo para o Sol.
Ainda fomos “roubados” pelo primo dele que vendeu ao Baganha um Malboro por €4, sim quatro eurozitos.
Antes de jantarmos fomos abordados pela pseudo-autoridade local. Um pretão a palitar os dentes e de chinelos que mal falava françês. Avisou-nos que nao podiamos pernoitar por ali. Nos? Cagamos no gajo, dissemos ok ok e vai ja andando. O gajo queria era guito mas nos cagamos na cena, dormimos no mesmo local das ultimas duas noites.
É incrivel como estes dias têm passado. Têm sido tão intensos que parece que a surfada em Bouznika ja foi á muito tempo, foi á meses atrás.
Não sei se é pelo mau aspecto que todos temos, com barba por fazer e uma "vacina anti-Jorges”, que apanhamos o ano passado, que os gajos quando vêm com merdas, bazam logo.
Durante as viagens entremos em aldeias, vimos muitas crianças que nos fazem adeus com sorrisos lindos. Vi crianças lindissimas com aquela pele escura e olhos negros e caras meigas, as meninas são lindas. Temos lhes ofercido caixas de pasilhas elasticas, muitas, são atiradas do carro em andamento, e eles atiram-se como loucos.
Viajar de autocaravana é a melhor solução para viajar em Marrocos, tens o teu "mundo" sempre que precisas de aliviar toda a miséria que te rodeia.

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